Chefe Reborn: a liderança que parece mas não é
- ALMA Negócios
- há 1 dia
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Nas últimas semanas, o interesse sobre o universo dos bebês reborn disparou nas pesquisas do Google. São milhares de pessoas querendo entender o que é um bebê reborn, quanto custa, para que serve e por que essas bonecas realistas estão fazendo tanto sucesso. Mas, se por um lado esse tema chama a atenção por sua curiosidade estética e emocional, ele também oferece uma metáfora poderosa e bastante atual sobre um fenômeno que se manifesta silenciosamente dentro de muitas empresas: o surgimento dos chamados “chefes reborn”.
O conceito de chefe reborn faz alusão direta aos bebês reborn, bonecas feitas com técnicas altamente sofisticadas, que imitam com incrível realismo os traços de um bebê humano. As dobrinhas, os cabelos implantados fio a fio, os olhos de vidro, as veias pintadas à mão… tudo é meticulosamente pensado para gerar a ilusão de que aquele objeto inanimado possui vida. E, justamente por isso, eles provocam tanto fascínio.
Ao transpor essa analogia para o mundo corporativo, percebemos que muitos líderes também têm se tornado versões reborn. São profissionais que dominam discursos contemporâneos sobre empatia, inovação, gestão de pessoas e cultura organizacional, frequentam eventos, publicam posts sofisticados no LinkedIn, participam de lives e consomem livros de gestão. Porém, na prática, sua atuação é uma réplica bem-acabada, porém vazia, de uma liderança que não se sustenta na realidade.
Estes líderes são especialistas em parecer, mas não necessariamente em ser. Falta profundidade. Falta escuta ativa. Falta disposição genuína para lidar com a complexidade humana que existe dentro das organizações. E esse tipo de liderança, embora muitas vezes admirada superficialmente, não gera segurança psicológica, não promove pertencimento e tampouco cria espaços de inovação real.
Esse não é um problema isolado. Uma pesquisa realizada pela Deloitte Brasil (2025) aponta que empresas que cultivam lideranças empáticas, conscientes e verdadeiramente conectadas apresentam um aumento de 23% na produtividade e uma redução de 34% na taxa de turnover, comparadas às empresas que mantêm estruturas hierárquicas tradicionais, centradas no controle e na microgestão.
Além disso, o relatório mais recente da Great Place to Work revela que, embora 90% das empresas considerem o desenvolvimento de lideranças uma prioridade, apenas 38% dos colaboradores sentem que seus líderes praticam uma escuta genuína e empática no dia a dia. Isso significa que há um enorme gap entre o que as organizações dizem valorizar e o que de fato se concretiza nas relações internas.
Não à toa, os impactos desse modelo de liderança reborn são visíveis: crescimento da síndrome de burnout, aumento nos índices de absenteísmo, turnover elevado e, sobretudo, ambientes onde as pessoas operam no modo automático, sem engajamento, sem criatividade e sem conexão com um propósito maior.

E aqui vale uma reflexão ainda mais ampla: não são apenas os líderes que estão sujeitos a essa lógica. As organizações, pressionadas por metas de curto prazo, acabam também formando o que podemos chamar de “colaboradores reborn”. Profissionais treinados para replicar processos, cumprir protocolos, bater metas e parecer produtivos, mas que não encontram espaço para exercitar o pensamento crítico, a criatividade e o senso de pertencimento.
Esse fenômeno nos leva a um paradoxo curioso: nunca se falou tanto sobre inovação, transformação digital, cultura ágil e inteligência artificial. No entanto, nunca foi tão comum encontrarmos ambientes corporativos que operam sob uma lógica profundamente mecanicista, onde as aparências muitas vezes valem mais do que as práticas.
Mas a pergunta que realmente importa aqui é: e dentro da sua organização? Quantos líderes estão operando no modo reborn? Quantos colaboradores estão apenas reproduzindo comportamentos para parecerem produtivos, sem realmente estarem engajados, conectados e vivos profissionalmente?
Na ALMA, temos convicção de que a transformação real começa quando as empresas abandonam o jogo das aparências e passam a investir na construção de culturas autênticas. Isso significa formar lideranças que não apenas dominam frameworks e metodologias, mas que são capazes de exercer a empatia, a escuta, a adaptabilidade e a criatividade no cotidiano.
Liderança não é sobre repetir discursos de inovação. É sobre gerar valor real, construir relações de confiança, cultivar ambientes onde as pessoas possam ser, e não apenas parecer. Se a sua empresa está pronta para deixar de lado a lógica dos líderes reborn e quer construir uma cultura viva, autêntica e inovadora, saiba que esse é exatamente o caminho que a ALMA percorre junto aos seus clientes todos os dias.
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