
O planejamento estratégico é um dos pilares da boa gestão. Mas, quando mal conduzido, ele pode se transformar em um documento genérico que não sai da gaveta, e isso é mais comum do que parece. Muitas pequenas e médias empresas enfrentam os mesmos erros: definem metas irreais, não envolvem a equipe no processo, ignoram dados de mercado ou simplesmente não colocam a estratégia em prática. O resultado é desperdício de tempo, desalinhamento e frustração, mas, a boa notícia é que esses erros podem ser evitados com clareza de processo, foco em execução e boas referências.
De acordo com uma pesquisa da Harvard Business School, mais de 60% das estratégias corporativas falham na etapa de implementação. Não por falta de boas ideias, mas por problemas na construção do plano ou no engajamento da equipe. Em empresas menores, onde os recursos são mais limitados, esses tropeços custam ainda mais caro. Por isso, entender os erros mais comuns no planejamento estratégico e como evitá-los é fundamental para garantir que a estratégia traga resultados concretos.
Veja a seguir os principais erros e como superá-los, com exemplos de empresas que aprenderam com isso:
1. Criar um plano baseado em achismos, sem dados concretosMuitas empresas começam seu planejamento a partir da intuição do dono ou de percepções não validadas. Ignoram pesquisas de mercado, benchmarks ou dados financeiros consistentes. Isso leva a metas desalinhadas com a realidade e decisões mal embasadas.
Como evitar: Sempre comece com um diagnóstico claro. Use dados de mercado de fontes confiáveis (Sebrae, IBGE, relatórios de consultorias) e dados internos (vendas, custos, satisfação de clientes). Combine visão estratégica com análise concreta.
Exemplo: O Magazine Luiza, nos anos 2000, investiu em expansão sem base de dados estruturada e teve dificuldades financeiras, os resultados quase destruíram a empresa. Após reestruturar o planejamento com base em dados reais de mercado e tecnologia, criou o plano de digitalização que o transformou em uma das maiores varejistas do país. Hoje, a "Magalu" deixa claro que o seu objetivo é virar a "Amazon da América Latina", e ano após ano vemos a empresa caminhar em direção a esse objetivo.
2. Ignorar a cultura e a capacidade da equipeÉ comum traçar estratégias muito ambiciosas sem considerar a capacidade da equipe de executá-las. Um plano precisa estar conectado à realidade operacional da empresa, considerando das competências técnicas disponíveis até cultura organizacional.
Como evitar: Envolva os líderes e as pessoas-chave no processo desde o início. Defina metas desafiadoras, mas atingíveis. Invista em capacitação e acompanhe a execução de perto.
Exemplo: A Kodak insistiu por anos em estratégias que iam contra sua própria cultura de negócio, ignorando o potencial da fotografia digital, que ela mesma inventou. Ter investido tanto na criação dessa nova tecnologia e posteriormente ignorado os seus avanços foi um movimento que mostrou a desconexão entre a estratégia e a mentalidade interna do negócio, sendo fatal para a empresa.
3. Copiar estratégias de grandes empresas sem adaptá-lasOutro erro comum é tentar aplicar o modelo de uma empresa gigante (como Amazon ou Apple) a um pequeno negócio, sem adaptar à escala e realidade. O que funciona para uma multinacional pode ser inviável ou contraproducente para uma PME.
Como evitar: Inspire-se nos grandes cases, mas sempre traduza a estratégia para o seu tamanho, setor e momento de maturidade. Uma padaria de bairro, por exemplo, pode usar o conceito de experiência do cliente da Disney, mas precisa aplicá-lo com simplicidade e proximidade.
Exemplo: A Netflix começou com um modelo simples de entrega de DVDs pelo correio, entendendo as limitações da época. Só mais tarde, com tecnologia e estrutura e sem dar "passos maiores que as pernas" se transformou em uma gigante do streaming. Cada etapa foi planejada com foco na realidade do momento, primeiro o serviço de entregas de DVD, depois a disponibilização dos filmes online para, no futuro, a empresa criar os próprios filmes e séries.
4. Não revisar o plano com frequênciaFazer um planejamento estratégico uma vez ao ano e nunca mais revisitá-lo é um erro comum. O mercado muda rápido. Quem não ajusta a rota, fica para trás. Estratégia boa é estratégia viva.
Como evitar: Estabeleça ciclos de revisão trimestrais ou semestrais. Acompanhe indicadores-chave e ajuste planos conforme os resultados. Use ferramentas ágeis como OKRs e dashboards para facilitar a governança.
Exemplo: O Nubank se tornou um dos maiores bancos digitais da América Latina revisando constantemente suas metas com base em dados e feedback de clientes. A capacidade de ajustar o rumo é parte central da sua estratégia e um diferencial entre outros bancos.
5. Fazer o planejamento, mas não executar com disciplinaTalvez o erro mais comum de todos: criar um plano bonito e bem estruturado, mas que nunca é implementado de verdade. Falta liderança, rituais de acompanhamento e responsabilidade pelos resultados.
Como evitar: Transforme o plano em ações específicas, com prazos, responsáveis e indicadores. Estabeleça uma rotina de acompanhamento — mesmo simples, como reuniões mensais ou dashboards visuais.
Exemplo: A Embraer, após enfrentar uma crise nos anos 90, construiu seu processo de reestruturação com forte disciplina na execução. O processo era desafiador por envolver a privatização da empresa, expansão do negócio e a entrada em outro mercado em um contexto de crise, mas, com metas claras, cronogramas detalhados e gestão à vista foram a chave para a recuperação e crescimento internacional.
O que pequenas e médias empresas podem aprender com esses exemplos?Que planejar bem não é uma questão de tamanho, mas de método. Que usar dados, envolver pessoas, adaptar-se à realidade e garantir a execução são passos universais. E que os erros estratégicos mais comuns podem ser evitados com atenção a detalhes simples, mas poderosos.
Na prática, um bom planejamento estratégico para PME deve conter:
Diagnóstico claro com dados internos e externos;
Definição de metas realistas e alinhadas à capacidade da equipe;
Planos de ação com responsáveis e prazos definidos;
Indicadores que permitam acompanhar e ajustar;
Rituais de revisão e melhoria contínua.
Se você quer evitar esses erros e construir um plano estratégico que realmente funcione, a ALMA pode ajudar. Entre em contato e veja como transformar a estratégia da sua empresa em crescimento concreto e sustentável.